Trabalho em equipe – Onde nos vemos como grupo de religiosos pioneiros na Quinta Época?

Quando eu leio O Livro de Urântia, apercebo-me de que muitos dos seus conceitos parecem ter sido projetados para agir como um trampolim. Os conceitos apresentados são meramente ideias – eles não se tornam reais ou significativos e realmente não tem valor verdadeiro, a menos que sejam ponderados, abraçados e colocados em ação pelo leitor/crente. Se não há ação do leitor, se nenhuma decisão importante for tomada internamente sobre as verdades aprendidas, então as palavras são apenas palavras – letras mortas e inativas contidas em um pedaço de papel; as ideias param em algum nível intelectual de indecisão—inércia.

Como nos vemos como um grupo de religiosos pioneiros que seguem os ensinamentos de O Livro de Urântia? Muitos de nós chegamos a este ponto no tempo por causa do nosso amor e interesse no livro e porque fomos fortemente tocados pelas verdades aprendidas nele. Nossa vida interior foi tão tocada pelas realidades espirituais sentidas que nos sentimos motivados para melhorar a nós mesmos e ao mundo em geral, aprendendo mais sobre esses ensinamentos e explorando maneiras de divulgar esses ensinamentos aos nossos semelhantes do mundo todo. Quantos de nós sentimos o chamado ao serviço desta passagem:

O desafio religioso desta época é dirigido àqueles homens e àquelas mulheres que, pela sua visão ampla e voltada para o futuro, e, pelo discernimento da sua luz interna, ousarão construir uma nova e atraente filosofia de vida, partindo dos conceitos modernos, sutilmente integrados, da verdade cósmica, da beleza universal e da bondade divina. Uma tal visão, nova e reta, da moralidade, atrairá tudo o que existir de bom na mente do homem e convocará o que houver de melhor na alma humana. [Documento 2:7.10]

Existem muitos chamados inspiradores e desafiadores neste livro. A “nova e atraente filosofia de vida” que eles mencionam é o que levará o planeta à quinta época e isso não será feito por nós. Na verdadeira maneira evolucionária e experimental retratada para nós no Livro de Urântia, dependerá de nós, criaturas mortais dotadas de livre arbítrio, descobrirmos como fazer isso. Os poderes do alto nos deram uma fabulosa ferramenta e guia em O Livro de Urântia e toda a ajuda espiritual que nós jamais poderíamos sonhar – mente, Espírito da Verdade, Ajustadores de Pensamento, Anjos Guardiães, etc. – e mesmo o próprio Jesus previu essa era presente quando ele disse aos seus apóstolos:

E, quando o Reino houver chegado à plena fruição, podeis estar seguros de que o Pai no céu não deixará de contemplar-vos com uma revelação ainda maior da verdade e uma demonstração mais elevada de retidão, pois Ele já outorgou a este mundo aquele que se tornou o príncipe das trevas e em seguida deu-lhe Adão, que foi seguido por Melquisedeque e, agora, nestes dias, deu-lhe o Filho do Homem. E, assim, o Pai irá continuar a manifestar Sua misericórdia e demonstrar Seu amor, até mesmo a este mundo escuro e mau. [Documento 176:2.3]

Isso corrobora o que eles nos contam na seção intitulada “A Dádiva da Revelação,” onde diz:

Houve muitos acontecimentos de revelação religiosa, mas apenas cinco deles foram de significação para toda uma época. As revelações epocais foram as seguintes: … [Documento 92:4.4]

E eles continuam enumerando as 5 revelações de época como:

  1. Os ensinamentos Dalamatianos, que introduz Caligastia, aquele que se tornara o príncipe das trevas, como Jesus o descreveu.
  2. Os ensinamentos Edênicos – Adão e Eva
  3. Melquisedeque de Salém
  4. Jesus de Nazaré
  5. Os Documentos de Urântia. Os documentos, dos quais este é um deles, constituem a mais recente apresentação da verdade aos mortais de Urântia. [Documento 92:4.9]. Mas nós sabemos, pelo estudo de O Livro de Urântia, que o método do Pai é deixarmo-nos descobrir muitos dos detalhes por nós mesmos. Então, como nos tornarmos experientes em enfrentar os desafios que nos convocam a conduzir as pessoas do mundo ao renascimento espiritual? Há tantas coisas que todos podemos pensar em fazer para difundir os ensinamentos, tanto como indivíduos quanto como grupos, mas em algum momento precisamos nos empenhar seriamente em nos unir como pioneiros na nova revelação – para avançar em unidade espiritual e de propósito, e sermos mãos e pés úteis para os reveladores que se esforçaram tanto para nos apresentar a quinta revelação de época através de O Livro de Urântia.

Sobre o poder do trabalho em equipe, foi dito: “Nunca duvide que um pequeno grupo de pessoas previdentes e comprometidas possa mudar o mundo. Na verdade, é a única coisa que alguma vez já o fez.” (Margaret Mead). O Livro de Urântia apresenta-nos muitos desafios e insights sobre o trabalho em equipe, os quais eu sinto que necessitam ser explorados e entendidos enquanto ponderamos o trabalho que somos chamados a fazer juntos. Precisamos entender algo sobre os obstáculos que podem entrar no nosso caminho que limitariam a eficácia dos nossos esforços para trabalhar em equipes. Nos é informado na página 312.1:

Uma das lições mais importantes a serem aprendidas, durante a vossa carreira mortal, é o trabalho em equipe. [e eles enfatizam a frase “trabalho em equipe”] As esferas da perfeição são povoadas por aqueles que já têm a mestria dessa arte de trabalhar com outros seres. [Documento 28:5.14, página 312:1]

E, além disso, nos é dito:

Entre todos os problemas no universo a requererem um exercício de consumada sabedoria da experiência e da adaptabilidade, nenhum é mais importante do que aqueles que brotam dos relacionamentos e das interligações de seres inteligentes. [Documento 28:5.13] [minha ênfase]

Sabemos, pelo estudo de O Livro de Urântia, que a mestria no trabalho com outras pessoas é uma das principais características da carreira evolucionária e finita que nós, mortais, estamos realizando. Se estudarmos a seção sobre Os Mundos de Aperfeiçoamento de Edêntia, no Documento 43:8, veremos que será um longo e difícil caminho para dominar o trabalho em equipe e para sermos dignos na nossa socialização. Inevitavelmente nós teremos conflitos – isso é assim por causa da nossa natureza imperfeita – mas às vezes precisamos de conflitos para crescer. Às vezes, verdades importantes afloram durante um conflito. Deveríamos ter cuidado para não ficarmos muito apreensivos com o fato de que há conflitos de tempos em tempos, e não deveríamos realmente nos preocupar demais com o fato de que talvez não possamos lidar com isso muito bem – em vez disso, deveríamos estar trabalhando continuadamente em como lidar melhor com isso na próxima vez e ajudar uns aos outros a aprender como ser melhores nessas situações. O que é inexcusável, porém, é que se permita que o conflito destrua o relacionamento.

Aqueles de nós que optaram por servir a revelação trabalhando em grupos ou em equipes devem aprender como trabalhar efetivamente em conjunto com nossos amigos. Devemos aprender a nos concentrarmos em objetivos comuns, muitas vezes sendo confrontados com o desafio da discordância com nossos caros amigos. As amizades passam pela prova de fogo da realidade quando confrontadas com tais desafios. O Livro de Urântia nos fornece muitas lições sobre como trabalhar efetivamente juntos. Se nós, como equipes de leitores de O Livro de Urântia, desejamos mudar o mundo apresentando o livro e seus ensinamentos para a humanidade, devemos sempre ter consciência do poder do trabalho em equipe inteligente, juntamente com uma liderança sábia. Dizem-nos os reveladores:

Na civilização, muito, muitíssimo mesmo, depende de um espírito entusiasta e que constitua uma liderança poderosa. Dez homens são de pouco mais valia do que um só, para levantar um grande peso, a menos que o levantem juntos — todos ao mesmo tempo. E tal trabalho de equipe — a cooperação social — depende de uma liderança. [Documento 81:6.37]

Os ingredientes essenciais necessários para o trabalho em equipe efetivo são que os membros da equipe concordem nos objetivos, e que cada membro da equipe reconheça, aprove e coopere com os outros membros da equipe e com os líderes da equipe. Isso muitas vezes significa enfrentar o desafio de ter que acompanhar algo com o qual podemos não concordar. Uma combinação de entraves maiores para uma cooperação bem-sucedida reside no fato de muitos de nós possuirmos a tendência imatura para o individualismo ilusório, bem como para desconfiar de pessoas com qualidades de liderança ou daquelas que estão em posições de liderança. Podemos acabar com a efetividade da equipe ao brigar uns com os outros por causa de diferenças de estilo ou opinião.

Os apóstolos Natanael e Tomé, são um caso de estudo interessante a respeito do trabalho de equipe eficaz e ineficaz. Em suas advertências e avisos finais aos apóstolos, Jesus disse a Natanael:

“Natanael, tu aprendeste a viver acima do preconceito e praticar uma tolerância maior, desde que te tornaste meu apóstolo. Mas há muito mais que deves aprender. Tens sido uma bênção para os teus companheiros, pois eles sempre foram aconselhados pela tua sinceridade firme e coerente. Quando eu tiver ido, pode ser que a tua franqueza te impeça de ter um bom relacionamento com os teus irmãos, tanto os antigos quanto os novos. Deves aprender que, mesmo a expressão de um bom pensamento, deve ser modulada de acordo com o status intelectual e o desenvolvimento espiritual do ouvinte. A sinceridade é muito útil na obra do Reino, quando se faz aliada à prudência do discernimento. [Documento 181:2]

“Se quiseres aprender a trabalhar com os teus irmãos, poderás realizar coisas mais permanentes…” [Documento 181:2]

Jesus também disse a Natanael:

“Se serves, pois, a mim, com todo o coração, assegura-te de te consagrares ao bem-estar dos meus irmãos na Terra, com uma afeição incansável. Põe amizade no teu conselho e amor na tua filosofia. Serve ao teu semelhante como eu servi a ti. Sê fiel aos homens como eu vigiei por ti. Sê menos crítico; espera menos de alguns homens, e assim diminuirás a extensão da tua decepção.” [Documento 192:2]

Observe como Jesus diz a Natanael: “Se quiseres aprender a trabalhar com os teus irmãos, poderás realizar coisas mais permanentes…” e como ele lhe deu um conjunto completo de instruções sobre como conseguir uma maior tolerância para seus companheiros.

Nós sabemos, a partir de nossa leitura no Documento 192:4.7, no entanto, que Natanael não pôde trabalhar com Pedro e os outros após o Pentecostes, pois ele se opunha à mudança na proclamação do evangelho da filiação com Deus e da fraternidade do homem, para a proclamação do Cristo ressuscitado. Então, embora ele estivesse certo no fato, ele perdeu de vista a verdade essencial de perseverar com seus companheiros em trabalhar para a causa maior. Natanael foi até descrito como sendo o “gênio ímpar dos doze.” [Documento 139:6]. Se ele tivesse ficado e trabalhado com a equipe que Jesus se esforçou tanto para treinar, talvez sua maior compreensão da mensagem do evangelho teria tido finalmente um impacto positivo na direção que o movimento Cristão estava a tomar. O que aconteceu foi que ele partiu sozinho para Índia e sem dúvida fez um bom trabalho, mas quanto mais ele poderia ter conseguido se ele tivesse apenas tomado mais consideração quanto a admoestação de Jesus dada a ele.

Enquanto Natanael teve dificuldade em trabalhar com aqueles com quem ele não concordava, Tomé, por outro lado, mostrou mais tolerância. Nos foi dito:

Nos conselhos dos doze, Tomé era sempre cauteloso, advogando em primeiro lugar uma política de segurança, mas, se o seu conservadorismo fosse derrotado ou rejeitado, era sempre ele o primeiro, e destemidamente, a ter a iniciativa de executar o programa escolhido. Quantas vezes não ficava contra algum projeto, por ser temerário e presunçoso; e não debateria até um amargo fim, mas, quando André colocava a proposta em votação e, depois, quando os doze decidiam fazer aquilo a que ele se tinha oposto, tão ardorosamente, Tomé era o primeiro a dizer: “Vamos!” Ele era um bom perdedor. E não guardava rancores nem alimentava sentimentos de mágoa. E de novo, e de novo iria se opor a deixar que Jesus se expusesse ao perigo, mas, quando o Mestre decidia enfrentar os riscos, era sempre Tomé que reanimava os apóstolos com as suas palavras corajosas: “Vamos, camaradas, vamos até lá morrer com ele”. [Documento 139:8]

Podemos aprender muito com Tomé, que mostrou uma vontade incrível de acompanhar o programa, mesmo que ele não concordasse plenamente com os métodos escolhidos por seus líderes e companheiros de equipe. Então, meus colegas estudantes de O Livro de Urântia, meus companheiros religiosos pioneiros na quinta época – não seria maravilhoso se pudéssemos demostrar as verdadeiras atitudes de nossas almas quando trabalhamos uns com os outros? Se pudéssemos aprender a progredir e crescer a partir de nossas experiências uns com os outros e formar poderosas equipes de homens e mulheres dispostos a comprometer-se com o trabalho da revelação de Urântia. Podemos aprender a cooperar uns com os outros para alcançar fins significativos. Podemos permanecer unidos, concentrando-nos em nossos objetivos comuns e preparando-nos para o longo prazo, o que de certo será difícil, mas sem dúvida, emocionante e gratificante.

Gostaria de resumir dizendo que o verdadeiro valor de qualquer experiência de vida interior genuinamente espiritual é a medida em que efetivamente compartilhamos nosso verdadeiro eu com os outros, a medida em que realmente amamos e servimos nossos semelhantes e mantemos esse amor através das tempestades do tempo enquanto trabalhamos e nos esforçamos uns com os outros pela causa maior. Lemos na página 1096.6:

A religião não é a técnica para alcançar uma paz mental estática e abençoada; é um impulso para organizar a alma para o serviço dinâmico. É o alistamento de toda a individualidade no serviço leal de amar a Deus e servir ao homem. [Documento 100:3] [minha ênfase]

Quando o crente é verdadeiramente mobilizado pelo poder espiritual que vem como resultado da consagração sincera ao cumprimento da vontade de Deus, então os frutos do espírito se manifestarão verdadeiramente – a alma se tornará organizada para o SERVIÇO DINÂMICO.

Então, dito isso, gostaria agora que observássemos o diagrama que eu coloquei acima, mostrando como vejo as abordagens variadas para alcançar nosso objetivo de conduzir as pessoas do planeta ao renascimento espiritual por meio de O Livro de Urântia e seus ensinamentos. Todos nos sentimos movidos de maneiras diferentes para servir em diferentes funções, e eu acredito firmemente que podemos potenciar cada um de nossos chamados individuais para servir e trabalhar de forma coordenada e cooperativa como uma vasta equipe de leitores/crentes comprometidos a uma causa comum.

Kathleen Swadling tem trabalhado ativamente por muitos anos na Associação Australiana e Neozelandesa (ANZURA), integrante da UAI, e tem trabalhado para aumentar o número de membros da associação desde o início dos anos 80. Atualmente é a presidente da ANZURA.