Elementos da Realidade e Posição dos Valores

Prólogo

Primeiro houve o pensamento, o Pai Universal. Depois o verbo, o Filho Eterno. E então a ação, o Espirito Infinito. E eles funcionam como um poderoso autor, criador e sustentador da realidade; a Trindade do Paraiso. Desde esses círculos de unicidade da infinitude e da eternidade, para fora até os limites finitos dos universos em evolução do tempo e do espaço, todos os verdadeiros “valores”, “significados” e “coisas”, podem ser traçadas remontando até o grande e poderoso Deus criativo e unificado de toda a criação.

Ele “mede as águas no oco das suas mãos, avalia um universo com a palma da sua mão. É Ele quem se assenta no círculo da Terra, que estende os céus como uma cortina e que a abre, como um universo, para morar”. “Levantai alto os vossos olhos e contemplai Aquele que criou todas as coisas, que traz os Seus mundos contados e os chama a todos pelos seus nomes”; e também é verdade que “as coisas invisíveis de Deus apenas parcialmente são compreendidas pelas coisas que foram criadas”. Hoje em dia, e no estágio em que estais, deveis discernir o Criador invisível por meio das Suas diversas e múltiplas criações, bem como por intermédio da revelação e da ministração dos Seus Filhos e dos inúmeros subordinados destes. (1:5.3)

A Primeira Grande Fonte e Centro de todas as coisas e seres, o Pai Eterno de Amor, voltou-se para os seus iguais, o Filho Eterno e o Espírito Infinito com um plano divino: “Façamos as criaturas mortais à Nossa própria imagem”.  (7:4.4)

Fora do Paraiso, o estágio do espaço foi ativado, o tempo começou, o universo estava vivo com uma vasta hoste de ajudantes espirituais criados, as galáxias em evolução foram postas em movimento circular, e bilhões e bilhões de sistemas solares com planetas similares ao nosso, que poderiam abrigar e sustentar a evolução da vida finita, foram formados.

O Plano Divino

Esse plano divino para atingir a meta da perfeição abrange três empreendimentos que, ainda que maravilhosamente correlacionados, são únicos na aventura do universo.

1- O Plano de Realização Progressiva. Este é o plano do Pai Universal, para a ascensão evolucionária; um programa aceito sem reservas pelo Filho Eterno, quando ele participou da proposta do Pai: “Façamos as criaturas mortais à Nossa própria imagem”. Esse aprovisionamento para elevar as criaturas do tempo envolve a outorga, feita pelo Pai, dos Ajustadores do Pensamento e a dotação da prerrogativa da personalidade às criaturas materiais.

2- O Plano de Auto-outorga. O plano universal seguinte é o grande empreendimento da revelação do Pai, feita pelo Filho Eterno e pelos seus Filhos coordenados. Esse é o propósito do Filho Eterno e consiste na Sua autodoação, por meio dos Filhos de Deus, às criações evolucionárias, personalizando-se e factualizando-se ali, para encarnar e tornar real o amor do Pai e a misericórdia do Filho às criaturas de todos os universos…

3- O Plano de Ministração da Misericórdia. Uma vez formulados e proclamados o plano de realização da meta e o plano da auto-outorga, o Espírito Infinito, por Si próprio e de Si próprio, projetou e colocou em operação o empreendimento grandioso e universal da ministração da misericórdia. Esse serviço é verdadeiramente essencial à operação prática e efetiva, tanto da realização da meta, quanto da auto-outorga; e as personalidades espirituais da Terceira Fonte e Centro compartilham todas do espírito de ministração da misericórdia, que, tão claramente, é uma parte da natureza da Terceira Pessoa da Deidade. O Espírito Infinito atua verdadeira e literalmente como o executivo conjunto do Pai e do Filho, não apenas para a criação como também para a administração. (7:4.3-6)

… Esse projeto de elevação espiritual das almas ascendentes do espaço é uma criação conjunta do Pai e do Filho; e Eles estão, com a cooperação do Espírito Infinito, empenhados na execução conjunta do Seu divino propósito. (7:4.2) (minha ênfase)

Neste documento vou explorar o divino propósito, de como e o que está sendo empreendido pelos Deuses. Espero obter uma maior apreciação de nossa posição e situação. Examinarei o que compõe as leis da realidade que governam o nosso universo para o nosso crescimento evolutivo. Espero descobrir e tentar definir os elementos essenciais que vão compor a totalidade da realidade e as ferramentas mentais que podemos usar para perceber a sua verdadeira realidade unificada. Na área do livre arbítrio vou explorar a importância da Posição dos Valores em relação aos Elementos da Realidade e como eles contribuem para o nosso sistema de pensamento, nossa percepção da realidade e nossos padrões de reação. Vou estudar a técnica de como contribuímos para o nosso crescimento, partindo desse tempo que temos e indo até a eternidade. Acima de tudo, espero alcançar uma compreensão mais profunda do significado e propósito de nossas vidas; como construímos nossa visão de realidade, o que fazemos com a realidade e como podemos contribuir para a construção da realidade de nossas vidas aos olhos de Deus.

Então, para começar, vamos definir os elementos básicos que vão compor a realidade. O Livro de Urântia nos diz:

Há apenas três elementos na realidade universal: o fato, a ideia e a relação. A consciência religiosa identifica essas realidades como ciência, filosofia e verdade. A consciência filosófica estaria inclinada a ver essas atividades como razão, sabedoria e fé — a realidade física, a realidade intelectual e a realidade espiritual. O nosso hábito é designar essas realidades como coisa, significado e valor. (196:3.2) (minha ênfase)

Agora vamos analisar a definição da Posição dos Valores.

Nas agregações, as partes estão adicionadas; nos sistemas, as partes estão arranjadas. Os sistemas são significativos por causa da organização — os valores posicionais. Num bom sistema, todos os fatores estão em posição cósmica. Em um mau sistema, algo ou está faltando ou está fora do lugar — em desarranjo. No sistema humano, é a personalidade que unifica todas as atividades e que, por sua vez, lhes confere as qualidades de identidade e de criatividade. (112:1.19) (minha ênfase)

Eu entendo que a posição dos valores é aquilo que valorizamos em nossos hábitos de pensamento, a forma como priorizamos os valores em nosso sistema de pensamento; como organizamos e posicionamos nossos valores em relação à totalidade da realidade.

Na evolução cósmica, a matéria torna-se uma sombra filosófica lançada pela mente, em presença da luminosidade espiritual do esclarecimento divino, entretanto isso não invalida a realidade da energia-matéria. A mente, a matéria e o espírito são igualmente reais, todavia, para a personalidade, possuem valores diferentes na sua busca de alcançar a divindade. A consciência que se pode ter da divindade é uma experiência espiritual progressiva. (12:8.15) (minha ênfase)

 …. No cosmo evolucionário a matéria-energia é predominante em tudo, menos na personalidade; e nesta, e para a mestria desta, o espírito luta, com a mediação da mente. O espírito é a realidade fundamental da experiência da personalidade de todas as criaturas, pelo fato de que Deus é espírito. O espírito é imutável e, portanto, em todas as relações de personalidade, ele transcende tanto à matéria quanto à mente, que são variáveis experienciais de realização progressiva. (12:8.14)

Nas citações acima, encontramos dicas sobre o posicionamento dos valores como: A mente, a matéria e o espírito são igualmente reais, todavia, para a personalidade, possuem valores diferentes na sua busca de alcançar a divindade  e No cosmo evolucionário a matéria-energia é predominante em tudo, menos na personalidade; e nesta, e para a mestria desta, o espírito luta, com a mediação da mente.

Então, ao olhar para a estabilidade e para a totalidade da realidade percebemos que ela é formada por componentes.  Assim como um átomo é composto de múltiplas partes também o é a realidade finita, vista através da experiência da personalidade é formada por componentes e também por sistemas de pensamento.

A compreensão progressiva da realidade é equivalente a uma aproximação de Deus. A descoberta de Deus, a consciência da identidade com a realidade, é equivalente à experiência do eu completo, da inteireza do eu, da totalidade do eu. (196:3.3.) (minha ênfase)

O que o autor dessa citação quis dizer com… a compreensão progressiva da realidade é equivalente a uma aproximação de Deus? Talvez precisemos rever nossa compreensão do que se entende pela realidade. Os documentos de Urântia nos dão uma definição aprimorada do termo. Eles nos dizem que quando os elementos da realidade são unificados pelos valores verdadeiros, tornam-se uma realidade funcional unificada que é semelhante a Deus. Devemos nos lembrar, no entanto, que apenas porque algo é considerado real aos olhos do mundo não significa que também seja verdadeiro, belo e bom; disse Jesus; “Meu Reino não é desse mundo“. Nossa resposta à realidade tem a ver com a escolha de livre-arbítrio; onde colocamos nossos valores em nosso sistema de pensamento – onde decidimos posicionar nossos valores em relação a todos os elementos que compõem a realidade.

Ao analisar a forma como organizamos nossos valores, pode ser útil ponderarmos algumas das seguintes questões.

Como descobrimos uma realidade espiritual pessoal a partir da nossa experiência finita?
Onde devo colocar meus valores em meu sistema de pensamento?
O que é um sistema correto de posição dos valores?
O que me agrada?
Encontro prazer na verdade?
Como valorizo a verdade, qual o valor que tem, o que devo fazer com isso?
Como faço para equilibrar meus prazeres com as responsabilidades da realidade?
Tenho um bom sistema de pensamento que posiciona meus valores de forma equilibrada e responsável?
Como meus valores me afetam e afetam os demais?
Onde meus valores me levam?
São meus valores derivados de uma mistura saudável de minhas experiências na vida com os ensinamentos e liderança do Ajustador do Pensamento?
São meus valores verdadeiramente valiosos, com quem devo avaliar meus valores?
Tomo minhas decisões com base em meus valores?
Que valor eu coloco no meu relacionamento pessoal com Deus?
Valorizo fazer um esforço para compartilhar minha vida interior com Deus?
Por que ser renascido do espirito é tão importante em relação à forma que posiciono meus valores?

Parece que as sementes da eternidade foram plantadas nos reinos do tempo e do espaço. As leis infinitas de Deus estão regando esse jardim finito da vida. O estágio de criação foi estabelecido para a nossa formação e crescimento, e em nossas mãos foram colocados os poderes inestimáveis da escolha de livre-arbítrio. Nosso início como uma nova espécie realmente começou. Em nossa contínua aventura no universo de descobertas, discernimento e unificação de coisas, significados e valores, o propósito eterno foi proclamado;

Do Pai Universal que habita a eternidade, emanou o supremo mandado: “Sede perfeitos, assim como Eu sou perfeito”. (1:0.3)

O Pai outorgou-Se a Si próprio em vós; colocou o Seu próprio espírito dentro de vós; e, portanto, Ele demanda a perfeição última, a vós. …, mas tal aventura superna deveria decerto ser o estudo supremo do homem mortal. (40:7.4) (minha ênfase)

O perfeito e o imperfeito estão verdadeiramente inter-relacionados; e é por isso que a criatura evolucionária finita pode ascender ao Paraíso em obediência ao mandado do Pai Universal: “Sede vós perfeitos, assim como Eu sou perfeito”. (56:0.1)

Então, como vamos crescer em direção à perfeição finita? A existência da vida por si só nos afeta o suficiente para nos fazer sentir, pensar e agir? Sim, eu acredito que sim. A experiência, as ideias e a reflexão dos relacionamentos da vida com as pessoas e o mundo nos ajudam graciosamente a fazer escolhas eternamente significativas? Sim, acredito que sim. Assim, mantemos as chaves motivacionais para ignorar ou destravar os níveis de percepção de uma maior compreensão das responsabilidades da realidade e da bondade do amor? Sim, eu acredito que sim. Esse mundo de forma natural e facilmente trabalha em conjunto para dar oportunidades aos nossos ajudantes espirituais invisíveis? –Sem dúvida…

Se observarmos, parece haver um padrão natural e um sistema incorporado em nosso universo, e devemos ter confiança e fé na bondade de Deus que colocou tudo no lugar para o crescimento do homem. Então, o que devemos fazer? Quais valores devemos encontrar e utilizar como ferramentas? Como devemos organizá-los e usá-los? O que devemos criar com eles? Há muitas questões para todos esses desafios que nos confrontam. Nossa vida pessoal, em algum momento, nos mostrará que iremos precisar da ajuda de Deus para transferir a nossa personalidade (sede da identidade) do material para o espiritual, isso se quisermos nos tornar em realidade os filhos e filhas de Deus. Porque somos materiais e Deus é espiritual, iremos depender de nossa relação com Deus para nossa espiritualidade. Devemos reconhecer que é impossível nos eternizar por nós mesmos. Do nosso lado da fronteira vamos precisar de orientação em nossa motivação. Através do reconhecimento da verdade, podemos optar por estimular o desejo de realinhar a posição dos nossos valores em relação a um aprofundamento da verdade nas relações da nossa realidade em evolução com as coisas, significados e valores. É assim que podemos enxertar e cultivar nosso eu no ADN espiritual – “ tornando-nos participantes da natureza divina”.

Antes de avançar na tentativa de explorar mais profundamente os elementos da realidade e a posição dos seus valores, vamos olhar para a nossa posição no universo e as enormes diferenças entre nós e Deus; o contexto de realidade da criação de mortais experienciais e do Deus que é existencial.

Para começar, Deus, nosso Pai espiritual, nunca foi criado. Deus nunca teve um começo.  Deus e o Paraiso são absolutos e infinitos; perfeitos em todos os atributos imagináveis, agora e na eternidade. Deus é a personalidade absoluta perfeitamente unificada espiritualmente; Deus é a pessoa infinita da bondade do amor. Deus é amor. Em contraste, começamos como pequenos veículos de vida finita vazios de potenciais. Para nós, tudo (incluindo nós mesmos) em nosso universo no espaço e no tempo teve um começo. Por sermos novos e incompletos e termos livre-arbítrio somos potencialmente maus, potencialmente bons e uma mistura inacabada de ambos. Evoluímos, somos projetados e construídos para descobrir, discernir, escolher e crescer, aprender com nossos erros; enchendo–nos de uma crescente experiência finita de coisas, significados e valores. Somos pequenas criaturas lutadoras com livre-arbítrio!  E é por essa razão que o Pai Universal nos dá um núcleo espiritual de si mesmo para morar em nossos corações e pessoalmente nos outorga nossa personalidade única. Seu espirito residente é um pai espiritual amoroso de nossa alma, ele superou o vasto espaço entre o existencial e o experiencial e está sempre disposto a guiar o crescimento do nosso verdadeiro eu em evolução – nossa alma. O Pai é auxiliado pelo ministério espiritual do Filho Eterno, que se comprometeu a nos ajudar a reconhecer a verdadeira natureza e personalidade amorosa dele e do nosso Pai. O Filho Eterno faz isso através das vidas de outorga dos Filhos Criadores e através do seu derramamento do Espírito da Verdade sobre os nossos corações. Isto é feito para que possamos mais claramente ter oportunidades de entender e sentir o que é verdadeiro, belo e bom dentro do nosso mundo finito de experiências com coisas, significados e valores. Então, através da cooperação com o Pai Universal e o Filho Eterno, o Espírito Infinito administra e sustenta o estágio de realidade em que todos nós existimos e funcionamos; o Espírito Infinito nutre a vida e ministra para nós com compreensão e misericórdia através de uma grande hoste de ajudantes angélicos. Tudo isso nos torna parte da família crescente de Deus, os filhos de Deus no tempo. Deus se importa muito conosco! Deus deseja nos fazer à sua própria imagem; compartilhar e doar a si mesmo; Ele criou o milagre do universo experiencial com esse propósito.

Mas nossa existência e crescimento contínuo não devem depender apenas dos atos de Deus e seus ajudantes invisíveis. Para tanto, como qualquer bom pai que admoeste seus filhos em crescimento, Deus nos exorta a tentar viver as nossas vidas do melhor modo, não depender unicamente dos outros para todas as nossas necessidades; a tentar contribuir com algo de valor e crescer sempre na graça. As leis de causa e efeito e a evolução funcionam para o desenvolvimento da autodeterminação.

…O homem cresce, conscientemente, do material para o espiritual, por meio da força, poder e persistência das suas próprias decisões; ele também cresce à medida que o seu Ajustador do Pensamento desenvolve novas técnicas para, dos níveis espirituais, tocar os níveis da alma moroncial; e, uma vez que a alma venha à existência, ela começa a crescer em si e por si própria. (117:3.6)

Vamos nos aprofundar mais ao explorar esta grande revelação: Façamos criaturas mortais à nossa própria imagem. Como Deus nos faz à sua própria imagem? Por quais métodos Ele consegue isso? Como nos torna reais aos olhos do universo?

Ok, fomos informados que “há apenas três elementos na realidade do universo”: coisas, significados e valores. Assim, é lógico para nós que a ciência procure a verdade em fatos físicos – nas coisas; é razoável que a filosofia procure pela beleza nos significados (nossas ideias) e nossa fé religiosa deve desejar encontrar e abraçar a bondade no valor dessas relações. Quando tentamos unificar esses três aspectos evolutivos da realidade, formamos nosso entendimento em qualquer lugar do universo finito do que compreendemos ser real (realidade). Essas são as sementes que estão brotando no solo da nossa estrutura experiencial em evolução, nossa crescente arena de escolha; devemos utilizá-las ao tomar decisões. O teste rigoroso para a verdade, a beleza e a bondade em relação a cada um desses três aspectos em evolução continua das descobertas da realidade é que cada elemento da realidade não deve contradizer ou entrar em conflito com os outros elementos. Nossa mente deve unir os pontos. Eles devem funcionar como um. Agora, nosso grande desafio ao longo do tempo será transformar nosso sistema material de agir e pensar para um sistema de valor de pensar e agir que tenha um núcleo espiritual em relação a essas coisas e significados. É assim que “posicionamos nossos valores”.

Para entender esses três elementos da realidade um pouco melhor, vamos simplificar a forma como começamos o uso e avaliação deles – fato, ideia e relacionamento. A humanidade começa a vagar observando e descobre um simples fato. Então, tem a ideia de que pode fazer algo com esse fato. Olha então a relação entre esse fato e sua ideia e discerne sua verdade –  decide se é de valor – e então age. Com a acumulação de fatos construímos nossas ideias e sistemas de pensamentos de valor. A partir daí, podemos começar a escolher como posicionamos nossos valores em relação às nossas experiências com coisas, significados e valores. A partir daqui desenvolvemos nossos padrões de reação à vida, com base em nossos desejos, ética e moralidade.

Que valores damos para fatos, ideias e seus relacionamentos? No que diz respeito ao aspecto do relacionamento com elementos da realidade é onde entra o buscar fazer a vontade de Deus. Precisamos colocar nosso relacionamento com Deus como o valor mais alto, buscando fazer Sua vontade no topo do nosso sistema de valores.

O fato universal de Deus tornando-se homem mudou para sempre todos os significados e alterou todos os valores da personalidade humana. Pelo verdadeiro significado da palavra, o amor denota respeito mútuo de personalidades inteiras, sejam humanas ou divinas, ou humanas e divinas. Partes do eu podem funcionar de inúmeros modos — pensando, sentindo, desejando —, mas apenas os atributos coordenados da personalidade total ficam focalizados na ação inteligente; e todos esses poderes ficam associados ao dom espiritual da mente mortal, quando, sincera e altruisticamente, um ser humano ama um outro ser humano ou divino. (112:2.7) (minha ênfase)

Sabemos que nossa mente é a mais importante ferramenta que temos. É dentro da mente que comtemplamos nossas experiências e tomamos decisões; posicionamos nossos valores. É nessa arena de escolha que percebemos e avaliamos os elementos da realidade e aguçamos nossos olhos para o dever e as percepções morais. É o próprio solo a partir do qual nossa alma cresce. Não é uma alegria descobrir a verdade nas coisas, discernir a beleza nos significados e a bondade nos valores? Que alívio é para as nossas almas quando olhamos para trás e percebemos que o bem pode vir mesmo de situações desagradáveis.  E ainda, não é uma revelação e um conforto para nós quando sentimos essa verdade?

A mente do homem pode alcançar altos níveis de discernimento espiritual, e esferas correspondentes de divindade de valores, porque ela não é totalmente material. Há um núcleo espiritual na mente do homem — o Ajustador, de presença divina. (196:3.6) (minha ênfase)

Agora vamos analisar mais profundamente o conceito da Posição dos Valores.

Utilizamos os elementos básicos da realidade com a posição dos nossos valores para construir a nossa “estrutura de pensamento”. Podemos utilizar essa estrutura para crescer e construir algo que seja indestrutivelmente real. Em seguida precisamos encontrar as ferramentas de valor para aplicá-las nesses componentes da realidade; ferramentas como a verdade, a beleza e bondade; a lógica, a razão e a fé; a ciência, a filosofia e a religião. Para ver com os olhos do espirito, para extrair a espiritualidade dos elementos da realidade, nossa personalidade precisa unificá-los com esses valores que são reais.

A verdade é coerente, a beleza é atraente e a bondade estabilizadora. E quando esses valores, naquilo que é real, são coordenados na experiência da personalidade, o resultado é uma ordem elevada de amor, condicionado pela sabedoria e qualificado pela lealdade. O propósito real de toda a educação, no universo, é tornar efetiva a melhor coordenação do filho isolado dos mundos com as realidades mais amplas da sua experiência em expansão. A realidade é finita no nível humano: e é infinita e eterna nos níveis mais elevados e divinos. (2:7.12) (minha ênfase)

Em relação aos elementos da realidade, por que a ordem e os sistemas nos quais posicionamos nossos valores são tão importantes? Porque onde posicionamos nossos valores determina o que fazemos com a realidade. Nossas posições de valores podem mesmo determinar como percebemos a realidade. Vamos ver mais de perto as posições de valores no nosso lado da fronteira do universo.

… A saúde, a sanidade e a felicidade são integrações da verdade, da beleza e da bondade, ao misturarem-se na experiência humana. Esses níveis de uma vida eficaz advêm da unificação de sistemas de energia, de sistemas de ideias e de sistemas espirituais. (2:7.11) (minha ênfase)

Nossas almas anseiam por identificar-se com aquilo que é duradouramente real. A maior felicidade está indissoluvelmente ligada ao progresso espiritual. (100:4.3). Ao ser motivado, tendo o desejo de entender a verdade nas coisas, compreender a beleza nos significados e ter o anseio de perceber e abraçar a bondade nos valores, nós começamos a utilizar os ingredientes da experiência que dão vida de maneira correta para que possamos começar a crescer espiritualmente ao aplicarmos esses valores como ferramentas aos elementos da realidade. Para sobreviver à morte, sabemos que o assento da identidade da nossa personalidade deve se tornar espiritual. Ainda que devamos trabalhar e viver no mundo material, o desejo e objetivo da nossa personalidade é espiritual. Nosso guia para o uso perfeito de como posicionar os valores é Jesus, na forma como Ele construiu e viveu sua vida.

Uma das coisas mais importantes, na vida humana, é encontrar aquilo em que Jesus acreditava, é descobrir seus ideais e lutar para a realização do seu propósito elevado de vida. De todo o conhecimento humano, o que é de maior valor é poder conhecer a vida religiosa de Jesus e como ele viveu-a. (196:1.3)

Na estrutura de realidade crescente da nossa mente, que vivemos no dia a dia, precisamos colocar em prática nossas posições de valores. O que estamos nos esforçando para alcançar em nossas vidas é a realidade pessoal unificada funcional e a realidade funcional só vem pela unidade dos três elementos da realidade. Somos sustentados por esses ingredientes da realidade, vivendo-os.

… A mente, porém, não pode jamais obter êxito nessa unificação das diversidades da realidade, a menos que tal mente esteja firmemente consciente das coisas materiais, dos significados intelectuais e dos valores espirituais; a unidade existe apenas na harmonia da triunidade da realidade funcional, e apenas na unidade existe a satisfação da personalidade quanto à realização da constância e da coerência cósmica. (102:2.5) (minha ênfase)

A certeza física consiste na lógica da ciência; a certeza moral, na sabedoria da filosofia; a certeza espiritual, na verdade da experiência religiosa autêntica. (196:3.5)

Vamos olhar as influências que afetam nossos padrões de reação às situações da vida, porque nossa compreensão dos elementos da realidade, junto com nossos sistemas de valores, afetam nossos padrões de reações à vida. A longo prazo, isso determinará o grau ao qual nosso sistema de pensamento será unificado: estável ou desequilibrado. O que não queremos é uma estrutura instável.

Vamos comparar nossa totalidade da realidade com um banquinho de três pernas. Cada perna representa um dos três elementos da realidade, ou seja, coisas, significados e valores. O assento desse banquinho é a nossa personalidade com seu livre-arbítrio trabalhando na arena das escolhas em nossa mente. Se uma perna é maior que a outra o banquinho não se sustenta bem. Se uma perna está faltando, ele cairá. Se possuirmos um sistema de pensamento equilibrado, com um conjunto correto de posição de valores, as partes estarão dispostas de forma a evitar confusão prolongada, comportamento emocional irracional e reações egoístas fanáticas ou impensadas. Podemos ter autocontrole porque somos mais sensíveis ao caráter real da realidade. Podemos evitar as experiências intermináveis de cometer os mesmos erros repetidamente. Podemos evitar os extremos das reações infantis do materialista ateísta e a estupidez de um fanático religioso. No mundo em que vivemos, podemos eliminar muitas ideias erradas sobre o motivo da existência do universo, nossas reações a ele e nossas relações e responsabilidades para com a vida e os outros. Com um bom sistema podemos manter os pés no chão e crescer graciosamente.

Acidentes cegos e imprevistos não ocorrem no cosmo. Nem os seres celestes ajudam um ser mais baixo que se recusa a agir sob a luz da sua verdade. (48:7.9)

Nosso enigma e desafio no universo é que naturalmente nós vamos de baixo para cima e não de cima para baixo

A consciência mortal parte do fato para o significado, e, então, para o valor. A consciência do Criador parte do valor-em-pensamento, por intermédio do significado- da-palavra, indo ao fato-da-ação. (118:5.3)

O fato de “A consciência mortal parte do fato para o significado, e, então, para o valor” não é uma coisa ruim, é projetado dessa maneira. Sem fatos e ideias, como podemos começar a perceber os valores e muito menos tomar uma decisão moral? Enquanto não ignorarmos as responsabilidades da realidade de viver, ela é projetada para fornecer um bom solo para o crescimento de nossa alma. Mas temos uma tendência natural de estar mais preocupados com as coisas; nos preocupamos com o que os outros podem pensar a nosso respeito, estamos focados em nossos desejos e anseios pessoais, desta forma temos uma tendência natural de colocar nossas posições de valores nos lugares errados. Ao assim fazê-lo, colocamos muito valor nas coisas e nos prazeres imediatos do eu que tendem a submeter o universo à nossa vontade e a deformar nossa percepção da realidade. Desta forma, podemos escolher ignorar os fatos e nos tornar imprudentes porque podemos decidir que é preciso muito esforço para abraçar a verdade. Podemos de forma clara ver os fatos concretos de uma situação e orgulhosamente tomar uma posição moral baseada nesses fatos, mas que esteja errada quanto à verdade da situação. Podemos atribuir um significado incorreto a muitos valores e acabar nos tornando um incômodo. Podemos acumular uma abundância de fatos e conhecimentos e nos tornar muito mundanos, sábios e poderosos, embora possamos nos tornar cruéis, desconsideremos o mérito dos outros e não tenhamos amor pela bondade dos valores. Nossos valores podem ser uma ladainha de “qualidades egoístas do amor” mascaradas de bondade. As coisas nas quais encontramos prazeres podem ser repugnantes para Deus. Nosso significado na vida pode acabar sendo espiritualmente sem sentido. Nossas vidas podem se tornar uma irritação para os outros. Podemos não conseguir unificar a realidade. Podemos colher desastres materiais sobre nós mesmos e outros. No pior caso, podemos adotar um conjunto errado de valores e deixar de espiritualizar nossa personalidade.

A fé de Jesus visualizou todos os valores do espírito como sendo encontrados no Reino de Deus; e por isso ele disse: “Buscai primeiro o Reino do céu”.  (196:0.8) (minha ênfase)

“Buscai primeiro o Reino de Deus e Sua retidão, e, ao chegardes a tanto, todas as outras coisas essenciais para a sobrevivência eterna vos serão asseguradas, por acréscimo. E agora eu deixo claro para vós que o Reino do meu Pai não virá com uma aparência exterior de poder, nem com uma demonstração pouco inusitada. E, pois, não deveis sair para proclamar o Reino dizendo: ‘ele é aqui’ ou ‘é lá’. Pois tal Reino que pregais é Deus dentro de vós. ”  (140:1.5)

Antes buscai o Reino de Deus e, quando houverdes encontrado a vossa entrada nele, todas as coisas que vos forem necessárias, virão por acréscimo. Não sejais, portanto, indevidamente ansiosos com o amanhã. Devemos preocupar-nos com o que é suficiente para o dia”. (140:6.13)

Os mortais de Urântia dificilmente podem esperar ser perfeitos, no sentido infinito, mas, para os seres humanos, partindo como o fazem, deste planeta, é inteiramente possível alcançar a meta superna e divina que o Deus infinito estabeleceu para o homem mortal; e, quando atingirem esse destino, em tudo o que diz respeito à auto-realização e ao alcance da mente, eles estarão tão repletos, na sua esfera de perfeição divina, quanto o próprio Deus o é, no seu âmbito de infinitude e eternidade. Tal perfeição pode não ser universal, no sentido material, nem ilimitada, em alcance intelectual, nem final, enquanto experiência espiritual, mas ela é final e completa, sob todos os aspectos finitos, em divindade, vontade, perfeição de motivação da personalidade e consciência de Deus. O verdadeiro significado do mandamento divino é este: “Sede perfeitos, assim como Eu sou perfeito”; é o que impulsiona constantemente o homem mortal a ir adiante e o atrai para o interior de si próprio, na sua labuta longa e fascinante para alcançar níveis cada vez mais elevados de valores espirituais e de significados verdadeiros do universo. Essa busca sublime, pelo Deus dos universos, é a aventura suprema dos habitantes de todos os mundos do tempo e do espaço. (1:0.5-6) (minha ênfase)

Qual é o processo de tornar-se espiritual? Que maravilhosas coisas podem acontecer quando combinamos e unificamos os elementos da realidade com coisas, significados e valores? Quando vistos juntos através do nosso sistema de posições de valores, nossa personalidade os unifica de uma maneira que é mais do que apenas a junção de partes, eles podem funcionar como um sistema esclarecedor e salvador! Por exemplo:

Não apenas nos domínios da vida, mas até mesmo no mundo da energia física, a soma de duas ou mais coisas é, muitas vezes, algo mais do que, ou algo diferente, das previsíveis consequências aditivas simples de tais uniões. Toda a ciência da matemática, todo o domínio da filosofia, da física ou da química mais elevadas, não poderiam jamais predizer, ou saber, que a união de dois átomos de hidrogênio gasoso com um átomo gasoso de oxigênio resultaria em uma substância nova e qualitativamente super aditiva — a água líquida. O completo entendimento desse único fenômeno físico-químico deveria ser o suficiente para impedir o desenvolvimento da filosofia materialista e da cosmologia mecanicista.

A análise técnica não revela o que uma pessoa, ou coisa pode fazer. Por exemplo: a água é usada efetivamente para extinguir o fogo. Que a água irá apagar o fogo é um fato da experiência cotidiana, mas, nenhuma análise jamais feita da água poderia revelar tal propriedade. A análise determina que a água é composta de hidrogênio e oxigênio; um estudo posterior desses elementos apenas revela que o oxigênio é o real sustentador da combustão e que o hidrogênio irá por si mesmo queimar livremente. (12:9.3-4)

Através da experiência, quando combinamos os três elementos da realidade, muitas vezes recebemos uma excelente visão de algo inesperadamente novo e real. Quando nossas posições de valores estão devidamente alinhadas, desenvolvemos um equilíbrio em nosso sistema de pensamento, melhoramos a nossa qualidade de pensamento e percepção e nossa personalidade unificará os aspectos dignos da realidade. Poderíamos chamar isso de “o milagre da experiência-avaliação“ ou “evolução esclarecida”, “elevação espiritual”. Observar a realidade a partir da perspectiva material e avaliar a realidade a partir da perspectiva espiritual nos dá a capacidade de transferir nosso assento de identidade para a realidade espiritual.

O espírito é a realidade pessoal básica nos universos; e a personalidade é básica para toda a experiência de progresso com a realidade espiritual. Cada fase da experiência da personalidade, em cada nível sucessivo da progressão no universo, está cheia de pistas para a descoberta de realidades pessoais fascinantes. O verdadeiro destino do homem consiste na criação de novas metas espirituais e, então, em responder aos atrativos cósmicos dessas metas supernas, de valor não-material. (12:9.1) (minha ênfase)

Para melhor entender o “milagre da experiência-avaliação” em relação à individualidade e ao nosso sistema de pensamento, o documento intitulado “A Sobrevivência da Personalidade” fornece-nos algumas ideias maravilhosas a esse respeito. Aqui estão algumas citações:

Contudo, o conceito da personalidade, com o sentido do todo da criatura viva e em funcionamento, significa muito mais do que a integração das relações; significa a unificação de todos os fatores de realidade, bem como a coordenação das relações. As relações existem entre dois objetos, mas três ou mais objetos formam e explicitam um sistema; e tal sistema é muito mais do que apenas uma relação ampliada, ou tornada complexa. Essa diferenciação é vital, porque, num sistema cósmico, os membros individuais não estão conectados uns com os outros, mas estão numa relação com o todo, e mediante a individualidade do todo. (112.1.17) (minha ênfase)

Ao estudar o eu, seria útil lembrar:

1- Que os sistemas físicos são subordinados.
2- Que os sistemas intelectuais são coordenadores.
3- Que a personalidade é supra ordenadora.
4- Que a força espiritual residente é potencialmente diretiva. (112:21-5)

Enquanto a mente persegue a realidade até a sua análise última, a matéria escapa aos sentidos materiais, mas pode ainda permanecer real para a mente. Quando o discernimento espiritual persegue essa realidade que permanece depois do desaparecimento da matéria, e a persegue até uma última análise, ela desaparece para a mente, mas o discernimento do espírito pode ainda perceber as realidades cósmicas e os valores supremos de uma natureza espiritual. Da mesma forma, a ciência dá lugar à filosofia, enquanto a filosofia deve render-se às conclusões inerentes à genuína experiência espiritual. O pensar rende-se à sabedoria, e a sabedoria dissolve-se na adoração iluminada e reflexiva. (112:2.11) (minha ênfase)

Na ciência, o eu humano observa o mundo material; a filosofia é a observação dessa observação do mundo material; a religião, a verdadeira experiência espiritual, é a compreensão experiencial da realidade cósmica dessa observação da observação de toda essa síntese relativa dos materiais energéticos do tempo e do espaço. (112:12.2)

O propósito da evolução cósmica é conseguir a unidade da personalidade, por meio da predominância crescente do espírito, que é a resposta da vontade ao ensinamento e ao guiamento do Ajustador do Pensamento. A personalidade, tanto a humana quanto a supra-humana, é caracterizada por uma qualidade cósmica inerente, que pode ser chamada “a evolução da predominância”, que é a expansão do controle tanto de si mesma quanto do seu ambiente. (112:12.15)

… a personalidade mortal, por sua própria escolha, possui o poder de transferir o seu assento de identidade, do sistema temporário do intelecto-material, para o sistema mais elevado da alma moroncial, que, em associação com o Ajustador do Pensamento, é criado como um veículo novo para a manifestação da personalidade. (112:5.4)

As citações acima são o que aspiramos para o nosso crescimento individual. Com um sistema estável podemos observar a realidade a partir de uma perspectiva material e tentar avaliar a realidade a partir de uma perspectiva espiritual. Isso nos dá a capacidade de transferir o nosso lugar da identidade (personalidade) para o espiritual. Dando-nos assim a habilidade de definir metas e preparar o caminho, a fim de se adaptar às mudanças das circunstâncias graciosamente.

A vida física é um processo que tem lugar, não tanto dentro do organismo, mas antes entre o organismo e o ambiente. Cada um desses processos tende a criar e estabelecer modelos de reação do organismo a esse ambiente. E todos esses modelos diretivos são altamente influenciadores na seleção de metas. (112:1.14) (minha ênfase)

A citação acima eloquentemente retrata o ambiente onde o nosso livre arbítrio funciona. Sempre há uma razão para nossas reações. Aqui é onde nosso livre arbítrio decide, “sim, isso parece certo”… “não, eu não vou me incomodar, é muito difícil e não quero fazer isso”… “Deus, isso foi bom”… “quero me esforçar para aquilo” … “eu estou decidindo agir desta maneira”…. “ou de outra”… “isso é bom, isso não” … “quero isto agora” … “não é justo” …  “eu não farei isso de novo ”… “eu vou trabalhar para isso”…” não vou me incomodar”…”aquilo vale a pena” … “aquilo não vale a pena” e assim por diante…

O universo continua a lançar o desafio: “então, o que você vai fazer a este respeito?” Tudo é projetado para estimular o crescimento! Não é tanto o que acontece com você, mas o que você vai fazer a respeito.

Nosso mundo é complexo, mas ao mesmo tempo simples. Para que nossa estrutura de pensamento funcione bem, devemos trabalhar através da complexidade da vida, organizar e alinhar-nos com um conjunto estável de posições de valores sem complicações. Jesus não estava sozinho para resolver seus problemas e nós também não estamos. Devemos seguir nosso coração sem deixar nossa razão para trás; a fim de questionar nossas motivações, crenças e objetivos. Para ajudar neste processo precisamos orar por valores não por coisas. Fazemos tudo isso “compartilhando nossa vida interior com Deus”, orando pela vontade de Deus em nossas vidas. Jesus disse: “Meu Reino não é desse mundo” o que significa que a perspectiva é de cima para baixo, não de baixo para cima. Mas ele não disse para ignorarmos a estrutura da realidade em que vivemos, mas que olhássemos e trabalhássemos através dos olhos do espirito.

O homem mortal tem um núcleo espiritual. A mente é um sistema de energia pessoal, que existe em torno de um núcleo espiritual divino e que funciona em um ambiente material. Essa relação viva entre a mente pessoal e o espírito, constitui, pois, o potencial da personalidade eterna no universo. O problema verdadeiro, o desapontamento duradouro, a derrota séria, ou a morte inescapável só podem advir depois que os conceitos egocêntricos tiverem tido a arrogância de deslocar totalmente o poder dominante do núcleo espiritual central, destruindo assim o esquema cósmico de identidade da personalidade. (12:9.6) (minha ênfase)

Nosso problema e o desafio de Deus é que estamos vindo de baixo para cima, não de cima para baixo.

A consciência mortal parte do fato para o significado, e, então, para o valor. A consciência do Criador parte do valor-em-pensamento, por intermédio do significado- da-palavra, indo ao fato-da-ação. Deus deve sempre atuar no sentido de romper a paralisia da unidade inqualificável inerente à infinitude existencial. A Deidade deve sempre prover o modelo de universo, de personalidades perfeitas, de verdade original, de beleza e bondade, na direção das quais há o empenho de todas as criações da subdeidade. Deus deve sempre primeiro encontrar o homem, para que, mais tarde, o homem possa encontrar Deus. Sempre deve haver um Pai Universal, antes que possa haver a filiação universal e a consequente irmandade universal. (118:5.3)

Deus começa com valores e vai descendo até as coisas. Então, como Deus pode mudar a nossa situação material? Ele dá seu espírito para morar em nós, cria uma tensão no universo onde todos os problemas podem ser corrigidos e solucionados, e cria um ambiente universal onde suas criaturas imperfeitas podem crescer. Nosso objetivo é crescer a partir do sistema material de pensamento até o Seu sistema espiritual de pensamento.

Quando nossa personalidade é tocada pelo espirito começamos a ver, sentir e pensar com os olhos do espirito. Ao renascer – seja de forma gradual ou repentina – alinhamos nossas posições de valores em torno do nosso núcleo espiritual; “tornando-se participantes da natureza divina”. Agora podemos holisticamente crescer, criamos um sistema de pensamento que deseja estar em harmonia com o propósito e a vontade de Deus. A revelação deste modo de vida está no coração de todos os ensinamentos de Jesus. Nós começamos nossa humilde escalada “do caos para a glória”.

Em resposta a Ganid que perguntou a Jesus por que não se interessou por certo “pagão irrefletido”, ele disse:

“Ganid, aquele homem não tinha fome da verdade. Não estava descontente consigo próprio. Não estava pronto para pedir ajuda e os olhos de sua mente não estavam abertos para receber luz para sua alma. Aquele homem não se encontrava maduro para a colheita da salvação; deve ser-lhe dado mais tempo para que as provações e dificuldades da vida preparem-no para receber sabedoria e conhecimento superiores. Ou, se pudéssemos tê-lo vivendo conosco, poderíamos, por meio das nossas vidas, mostrar a ele o Pai no céu; e assim ele ficaria tão atraído pelas nossas vidas, como filhos de Deus, que seria forçado a indagar sobre nosso Pai. Tu não podes revelar Deus àqueles que não O procuram; não podes conduzir almas relutantes às alegrias da salvação. É preciso que as experiências da vida proporcionem ao homem ele vir a ter fome da verdade; ou então, ele deve estar desejando já conhecer Deus, em conseqüência do resultado do contato com as vidas daqueles que conhecem o Pai divino …” (132:7.2) (minha ênfase)

A humanidade está em construção, a vida é um processo de melhorar a maneira como avaliamos nossas experiências. Deus é amor, mas o amor não é Deus. É através do coração que muitas vezes sentimos os valores. Aprendemos que dar é divino, mas também aprendemos que a fraternidade irrefletida leva ao desastre, ao desapontamento e a tristeza. Mas através da experiência e através da mente é que começamos a entender o significado maior dos valores verdadeiros nas suas relações com coisas, através de nossas escolhas é que nós tentamos vivê-los. É através da avaliação de nossas experiências que crescemos em sabedoria para o bem. São nossos ideais juvenis que crescem em maturidade.

Seguindo o curso natural da vida, as coisas frequentemente nos machucam e podem nos desencorajar, mas é assim que começamos a crescer. “Eu era inocente, mas calmamente confesso que eu estava errado”. Como crianças pequenas começamos sem experiência, sabedoria e visão espiritual.

… O universo da vossa origem foi forjado entre a bigorna da justiça e o martelo do sofrimento; e aqueles que brandem o martelo são filhos da misericórdia: a progênie espiritual do Espírito Infinito. (9:1.8)

Devido a nossa natureza imperfeita e origem animal, quando deixamos hábitos e métodos, desenvolvemos naturalmente qualidades egoístas de amor. Uma das principais tarefas da realidade junto com o espírito de Deus dentro de nós é ajudar-nos a ter a oportunidade de eliminar essas qualidades egoístas do amor. Todo o universo está orientado para nos ajudar. Nossa evolução em direção ao espiritual é derivada de uma análise unificada combinada da realidade experiencial feita pela nossa personalidade.

E imediatamente a espiritualidade passa a ser indicadora da vossa proximidade de Deus e uma medida da vossa capacidade de servir aos vossos semelhantes. A espiritualidade realça a capacidade de descobrir a beleza nas coisas, de reconhecer a verdade nos significados e de descobrir a bondade nos valores. O desenvolvimento espiritual é determinado por tais capacidades e é diretamente proporcional à eliminação da qualidade egoísta no amor. (100:2.4) (minha ênfase)

À medida que a humanidade se desenvolve e cresce, descobre que na evolução da vida nos tornamos autodeterminantes, semelhantes à maravilhosa adaptação e cooperação de plantas florescentes e sua interação com uma multidão de insetos e à adaptação da vida nas Ilhas Galápagos. Vamos dar uma olhada em algumas citações sobre o crescimento do Ser Supremo; o autor desses documentos faz muitas analogias entre o nosso crescimento e o do Ser Supremo.

O homem mortal, sendo uma criatura, não é exatamente como o Ser Supremo, que é deidade, mas a evolução do homem, de um certo modo, assemelha-se ao crescimento do Supremo. 117:3.6)

No entanto, há ainda um outro aspecto da evolução de Deus, o Supremo: não apenas ele evoluiu por meio dos Criadores e derivou-se da Trindade; ele também evoluiu por si próprio e é de si próprio derivado. Deus, o Supremo, é, por si próprio, um participante volitivo e criativo da sua própria realização na deidade. A alma moroncial humana é, do mesmo modo, uma parceira volitiva, cocriativo da sua própria imortalização. (117:3.7)

A alma imortal do homem faz o seu próprio destino eterno evoluir, por meio da associação com a presença divina do Pai do Paraíso e de acordo com as decisões de personalidade, da mente humana. O que a Trindade é para Deus, o Supremo, o Ajustador é para o homem em evolução. (117:3.10) (minha ênfase)

… O homem mortal é feito à imagem de Deus, de um modo mais do que figurativo. De um ponto de vista físico, essa afirmação dificilmente é verdadeira, mas, com referência a certas potencialidades no universo, é um fato real. Na raça humana, desenrola-se um pouco do mesmo drama da realização evolucionária, que se desenvolve, em uma escala muito mais ampla, no universo dos universos. O homem, uma personalidade volitiva, torna-se criativo, em ligação com o Ajustador, uma entidade impessoal, em presença das potencialidades finitas do Supremo; e o resultado é o florescimento de uma alma imortal. (117:3.5) (minha ênfase)

Todos nós temos algo único e criativo para contribuir com a verdade, a beleza e a bondade da realidade finita. Ao renascer, desenrolar e realinhar nossas posições de valores em nosso sistema de ser, podemos contribuir e aproveitar a jornada da vida e experimentar a satisfação dessa aventura suprema.

Os valores do Paraíso, de eternidade e de infinitude, de verdade, de beleza e bondade, estão ocultos dentro dos fatos dos fenômenos dos universos do tempo e do espaço. Mas é necessário o olho da fé, ao mortal nascido do espírito, para detectar e discernir esses valores espirituais. (195:7.4) (minha ênfase)

À medida que experimentamos a vida, nossas mentes se tornam diários pessoais. Todos utilizamos essa mesma mente fornecida pela Ministra Divina (nosso sistema operacional). Mas o nosso equipamento físico é excepcionalmente diferente. No lado físico da vida, temos o cérebro e sua capacidade de processamento; esta parte de nós é derivada da nossa herança genética, e este pacote, quando descompactado no nascimento, vem acompanhado de todas as suas tendências inatas, nossa natureza e traços de caráter, e nossos padrões de reações animais, bastante excepcionais em si mesmos. Do ponto de partida da nossa carreira no universo, todo esse pacote de ADN compõe quem somos. Somos todos diferentes. Iniciamos nossa jornada de vida a partir desse pacote; de baixo para cima em nosso processo evolutivo de tornar-nos espirituais. À medida que crescemos e amadurecemos começamos a nos conhecer, nos tornamos conscientes de ser conscientes, temos agora capacidade para escolher, dirigir e controlar a nós mesmos e o nosso ambiente, e não o contrário.

Nossa mente é usada para o pensamento reflexivo. Felizmente para nós, o Espirito Infinito nos deu a mente que tem intuição e recursos próprios inatos para escrutinar coisas, significados e valores. Nossa mente precisa trabalhar para controlar a ignorância, a imaturidade e a ilusão. O objetivo da nossa mente é reconhecer e unificar os elementos da realidade. Devemos lembrar que estamos contribuindo para o crescimento de algo no solo de nossas mentes; nós mesmos estamos crescendo –nossa alma. “Temos todos os ingredientes para crescer, mas é muito mais do que o desejo de uma satisfação momentânea”. É um processo de reconhecimento progressivo de coisas, significados e valores e sua crescente unificação funcional em um sistema espiritual de sentimentos,  pensamentos e  atuação por intermédio da nossa personalidade. Através do reconhecimento da verdade, podemos alegremente tentar dominar a matéria com nossa mente e, por sua vez, nossa mente pode graciosamente responder à liderança do espirito.

A mente é a vossa embarcação, o Ajustador é o vosso piloto, a vontade humana é o capitão. (111:1.9)

Em nossos esforços mentais de pensamento reflexivo, nossas decisões cultivam o solo para o crescimento da alma, discernindo, avaliando e integrando os aspectos valiosos da experiência; cultivando um rico solo de moralidade e virtudes genuínas. Se mantivermos uma confiança de criança, pela fé, na bondade de Deus, os esforços de Deus podem ser comparados ao calor do sol em nossa alma para sua elevação espiritual. Isto é belamente ilustrado por uma das histórias de Jesus:

Foi durante esse mesmo sermão que Jesus fez uso da sua primeira e única parábola, que tinha a ver com o seu próprio trabalho — a carpintaria. Ao dar o seu conselho para “construir bem as fundações para o crescimento de um caráter nobre em dons espirituais”, ele disse: “Para dar os frutos do espírito, vós deveis nascer do espírito. Deveis deixar-vos ensinar pelo espírito e ser conduzidos pelo espírito, se quiserdes viver a vida plena do espírito entre os vossos semelhantes. Mas não cometais o erro do carpinteiro tolo que passa o seu precioso tempo esquadrinhando, medindo e aplainando a madeira comida pelos cupins e apodrecida por dentro, sendo que, depois de todo o seu trabalho em um barrote podre, terá de rejeitá-lo como inadequado para fazer parte das fundações da construção que seria levantada, devendo suportar os ataques do tempo e das tempestades. Que cada homem se certifique de que as fundações intelectuais e morais do caráter sejam tais que suportem adequadamente a superestrutura da natureza espiritual, que se amplia e que enobrece, e, assim, deve transformar a mente mortal para, então, em conjunção com essa mente recriada, realizar a evolução da alma até o destino imortal. A vossa natureza espiritual — a alma, conjuntamente criada — é um desenvolvimento vivo, mas a mente e a moral do indivíduo são o solo a partir do qual essas manifestações mais elevadas, do desenvolvimento humano e do destino divino, devem florescer. O solo da alma em evolução é humano e material, mas o destino dessa criatura combinada, de mente e de espírito, é espiritual e divino”. (156:5.2)

Quando olharmos honestamente a realidade descobriremos que ela está funcionando para nós, não contra nós. O universo é amigável; está voltado para impulsionar nosso crescimento. Sem fatos e ideias, como podemos começar a perceber os valores e muito menos tomar uma decisão moral?

Os fracos condescendem em tomar resoluções, mas os fortes agem. A vida não é senão um dia de trabalho — faça-o bem. O ato é nosso; as consequências são de Deus. (48:7.13)

Muitas de nossas realidades espirituais são adquiridas através de nossas experiências e relacionamentos com os outros. Vivemos para o benefício do crescimento um do outro. Para aqueles que amam a Deus, todas as coisas acabam trabalhando para uma maior compreensão da verdade e da beleza do bem. Para mim, as seguintes citações resumem isso belamente; elas colocam a experiência pessoal em harmonia com toda a realidade finita em poucas palavras espirituais.

Uma vez que a razão reconhece o certo e o errado, ela demonstra sabedoria; quando a sabedoria escolhe entre o certo e o errado, entre a verdade e o erro, ela evidencia haver sido conduzida pelo espírito. E, assim, são as funções da mente, da alma e do espírito, sempre unidas intimamente e interassociadas funcionalmente. A razão lida com o conhecimento factual; a sabedoria, com a filosofia e com a revelação; a fé, com a experiência espiritual viva. Por intermédio da verdade, o homem alcança a beleza; pelo amor espiritual, ascende à bondade. (103:9.10)

Nas outorgas da mente ao universo local, esses três discernimentos da mente cósmica constituem as hipóteses a priori que tornam possível ao homem funcionar como uma personalidade racional e autoconsciente, nos domínios da ciência, da filosofia e da religião. Colocado de outro modo: o reconhecimento da realidade dessas três manifestações do Infinito dá-se por uma técnica cósmica de auto revelação. A energia-matéria é reconhecida pela lógica matemática dos sentidos; a razão-mente intuitivamente sabe o seu dever moral; a -espírito (a adoração) é a religião da realidade da experiência espiritual. Esses três fatores básicos do pensamento reflexivo podem ser unificados e coordenados no desenvolvimento da personalidade, ou podem tornar-se desproporcionais e virtualmente não relacionados nas suas respectivas funções. Todavia, quando se tornam unificados, eles produzem um caráter forte, que consiste na correlação com uma ciência factual, uma filosofia moral e uma experiência religiosa genuínas. E são essas três intuições cósmicas que conferem validade objetiva e realidade à experiência humana, nas coisas, nos significados e nos valores, e, com as coisas, com os significados e com os valores. (16:6.10) (minha ênfase)

A mente domina universalmente a matéria, exatamente como esta, por sua vez, é sensível e responde ao controle último do espírito. E, no homem mortal, apenas aquela mente que livremente se submete ao direcionamento do espírito pode almejar sobreviver à existência mortal do espaço-tempo, tal uma criança imortal do mundo eterno do espírito do Supremo, do Último e do Absoluto: o Infinito. (42:12.15)

…. As pessoas leais são pessoas em crescimento, e o crescimento é uma realidade que causa forte impressão e que inspira … (100:1.4)

Em verdade foi dito das raças humanas: “Sois de Deus”, porque “Aquele que habita no amor, habita em Deus, e Deus nele”. (3:1.5)

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Leitura adicional recomendada: Documento 16 “Os Sete Espíritos Mestres”, Seção 6 até a seção 9.  (Pág. 191-196)